Manipulação e Desonestidade

Considero que a proposta apresentada hoje pelos defensores do não, é uma mera (e muito baixa) forma de manipulação dos eleitores e demonstra uma enorme capacidade de desonestidade intelectual dos defensores do não, provando novamente a falta de escrúpulos, decência e coerência dos mesmos.

Acredito ainda que tal não teria acontecido caso a RTP não tivesse decidido fazer uma segunda mão do “Prós & Contras”, quando na primeira o sim goleou

Mas, façamos um pequeno exercício cognitivo.

Suponhamos que a proposta dos defensores do não (continuação de crime, mas término da punição) era aprovada (proposta de despenalização que vem substituir a questão da despenalização do referendo – sou só eu que acha isto ridiculo e manipulador…).


QUE DIFERENÇAS TRARIA SOBRE UMA VITÓRIA DO SIM?

Vejamos…

– Sobrepõe-se o direito da mulher ao do feto (como aconteceria se o sim ganhasse)

– Acabam os julgamentos e as condenações (como aconteceria se o sim ganhasse)

– A IVG pode ser praticada por opção da mulher (como aconteceria se o sim ganhasse)

– O número de abortos pode aumentar, diminuir, ou manter-se, embora as “experiências” internacionais me façam crer que diminuirá (como aconteceria se o sim ganhasse)

– O acesso à IVG continua livre (como acontece actualmente e como aconteceria se o sim ganhasse).

– A IVG continuará clandestina nos casos não previstos no Código Penal. Não sendo legal não pode ser praticada legalmente (como NÃO aconteceria se o sim ganhasse)

– A IVG continua acessivel (em condições de segurança e higiene) para quem tem capacidade financeira e, mais ou menos, acessivel para quem não tem essa capacidade , tendo que recorrer a métodos que perigam a vida das mesmas (como NÃO aconteceria se o sim ganhasse)

– Continuarão a morrer mulheres por praticar a IVG sem condições (como NÃO aconteceria se o sim ganhasse)

Já agora, o que têm a dizer os defendores da “vida”? E não me venham com a treta o argumento de que mantêm-se crime, porque um crime sem penalização não é crime, nem nunca teria o tal efeito dissuador que tanto defendem.

RESUMINDO…

 

 

A proposta apresentada pelos defensores do não, promoverá uma situação idêntica à proposta do referendo exceptuando o facto de que continuaremos a ver a IVG a ser realizada em locais sem o mínimo de condições, onde se coloca em perigo a saúde das mulheres que optem (agora já podem…) pela mesma, mantendo a situação de exclusão e discriminação social e económica que referi e desenvolvi aqui.

 

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Adenda (05.02.07, 13:25)

Pelos vistos até os defensores do “não” acham que esta proposta,

«Para além de ser desonesta nesta fase da campanha […] é totalmente ilegítima, caso vença o «Não»: ou a vontade das pessoas que respondem áquela pergunta é respeitada, ou então não valeria a pena sequer fazer a pergunta. Não se pode andar a brincar e a gozar com as pessoas.»

(Blogue do Não)

 

 

 

 

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