Às vezes apetece-me por posts destes…

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
eu esperava por ti, tu não vinhas tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia
quando nós nos olhamos tardamos no beijo que a boca pedia
e na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
era tarde de mais para haver outra noite para haver outro dia.

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza.
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza.

Foi a mais bela de todas as noites que me aconteceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram.

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram.

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto.

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto.

Ary dos Santos

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