Já o disse e insisto no que referi: a coligação entre os PSD e o CDS está ferida de morte.
Mais… uma coligação, embora devem existir acordos e consensos, não pode ficar dependente dos arrepios do líder do partido mais pequeno. Se é estabilidade que é necessário, e é verdadeiramente, Paulo Portas já deu várias provas (e não foi apenas agora) que é alguém com quem não se pode contar. Não acredito que, caso haja agora um consenso entre os dois partidos, Portas não volte a fugir à dança.
Aliás, este passo atrás de Portas só tem uma justificação: a resposta que teve dentro do partido não era a que esperava e viu a sua liderança partidária, claramente, em risco.
O que pode então fazer Passos Coelho? Qual o seu dever? A alternativa é apenas uma. Esquecer um parceiro com uma “perturbação dissociativa da identidade” (leia-se multipla personalidade) e negociar com António José Seguro e com o PS uma coligação entre os dois partidos. Depois, apresentar ao Presidente da República a demissão do actual governo e propor um novo governo PSD/PS.
Sei bem que não será fácil, e que só com um grande “jogo de cintura” os dois líderes, os dois maiores partidos portugueses, conseguirão este acordo. Mas a situação assim o exige, o interesse nacional assim o exige, e não pode estar dependente do lado para o qual a dobradiça da porta do CDS vira.
Não é momento para eleições antecipadas, nem é momento para permitir o evoluir desta crise. Só um governo com uma clara maioria parlamentar, que garanta claramente todas as mudanças necessárias no sistema político actual o pode fazer (neste caso com a vantagem dos dois terços).
É tempo de seguir em frente, com segurança, criatividade e consensos, colocando Portugal acima de quaisquer outros interesses. Existe a troika e o “seu” memorando, é certo e ambos os partidos estão comprometidos com o mesmo. Serão, Passos e Seguro, alvos de muitas críticas, mas uma seria infundada: os interesses pessoais e políticos acima do bem comum. E é para isso que a política serve.
Podemos até, como muito se vê e se lê, por em causa a capacidade dos mesmos, mas esta seria a prova de que são capazes de assumir as suas responsabilidades políticas, os seus deveres, nas funções para as quais Portugal os elegeu.
Se não for possível, se não forem capazes… venha o governo de iniciativa presidencial.