Tenho acompanhado, mesmo que à distância, o processo relativo à Ordem dos Assistentes Sociais, e vejo, por alguns comentários nas redes sociais que o processo está a demorar mais do que alguns desejariam. Mas pelo conhecimento e respeito (e carinho, já agora) pessoal e profissional que tenho por vários dos membros que compõem a Comissão Instaladora, tenho a certeza que tudo está a ser feito para que a Ordem seja uma realidade o mais rapidamente possível e que traga a necessária consistência e identidade profissional pela qual tantos têm lutado.
Não sei se o que aqui irei escrever, ou mesmo atrever-me a sugerir, será algo já na mente, ou talvez mesmo num esboço mais ou menos adiantado, nas pessoas da comissão instaladora (o que não me admiraria) mas não obstante, fica aqui um pequeno contributo, certamente influenciado pela realidade que tenho conhecido nos últimos seis anos.
Uma das grandes questões centrais na origem e defesa da Ordem passa certamente pela identidade profissional. Certamente que existem muitas áreas por onde esta identidade tem que ser defendida e estruturada, sendo uma delas as dos estágios curriculares. E é nesta que me quero centrar.
Seria fundamental, na minha opinião, que os estágios curriculares fossem orientados institucionalmente, e sem excepção, por profissionais licenciados em serviço social. Seria uma forma de garantir a consistência profissional e científica desse estágio, contribuindo para o crescimento da tal identidade. Obrigaria também a que instituições não se “aproveitassem” dos estágios para “cobrir” as carências da própria instituição.
Não obstante, não me parece que o ser licenciado em serviço social seja condição única e suficiente, se bem que obrigatória, para ser orientador institucional. Seria fundamental, na minha opiniao que esses profissionais tivessem uma formação adicional (ao nível de pós graduação, e/ou como componente dum mestrado) ao nível de supervisão profissional e de ensino prático, consubstanciado num prática informada pelas teorias da profissão.
Estou consciente que seria necessário um período de transição (certamente de pelo menos 3 ou 4 anos) e que a questão financeira poderia ser um entrave, mas também acredito que muitas instituições, quer públicas e privadas, pela necessidade de teres estagiários para cobrir as necessidades, teriam todo o interesse em apoiar os seus profissionais a ter esta formação. No limite, as instituições poderiam também, contratar esses mesmos profissionais com esta formação adicional, caso não os tivessem internamente.
Isto obrigaria ainda a que se criasse (estando mais uma vez quase certo que isto será algo já presente no actual projecto da Ordem) uma consistência e coerência nacional ao nível das horas, da estrutura global e da avaliação dos estágios curriculares.
Acredito que, embora necessitando do tal período de transição, isto permitiria um desenvolvimento da tal, e tão necessária, identidade profissional, contribuindo ao mesmo tempo para diversas outras áreas do desenvolvimento da profissão em Portugal.